Com semente 100% produzida no Brasil, cultivo de canola pode decolar como biocombustível ao setor aéreo 6d5x3l

Cultura muito importante para a produção de óleo vegetal e ração animal, ganha protagonismo também no segmento de combustíveis renováveis e a a ser alternativa na aviação, diante do acordo global de redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE) até 2030 4b571q
De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2024, houve mais de 925 mil decolagens domésticas e internacionais no Brasil. O número total de ageiros ficou acima de 118 milhões de pessoas, o segundo maior da história, o que comprova o quão aquecido o setor está. Também, segundo estudos do segmento, a aviação é responsável pela emissão de cerca de 3,5% do CO2 que vai para a atmosfera no planeta.
Considerando a previsão de ampliação do mercado aéreo, essa taxa tende a aumentar em poucos anos se nada for feito. Portanto é preciso buscar combustíveis sustentáveis como alternativa para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente diante do enfrentamento das mudanças climáticas.
Entre as medidas criadas neste esforço global, até 2030, está o desenvolvimento de Combustível Sustentável de Aviação, ou SAF (da sigla em inglês Sustainable Aviation Fuel). Produzido a partir de fontes renováveis, o SAF pode reduzir a emissão de CO2 entre 70% e 90%, em comparação com o querosene utilizado no setor.
Em meio as opções que podem ganhar espaço como alternativa de matéria prima desse biocombustível para as aeronaves brasileiras, está a canola. A cultura que já é muito utilizada para produção de óleo e também para a fabricação de ração animal, comprova sua versatilidade também como possível combustível renovável. “A canola é uma boa solução nesse sentido contribuindo diretamente à sustentabilidade do planeta”, disse, José Geraldo Mendes, engenheiro agrônomo, responsável pela área de supply chain da Advanta Seeds.
Semente brasileira
Apostando no potencial e crescimento do cultivo da canola no Brasil, a Advanta, empresa que atua no melhoramento genético oferecendo soluções específicas para o máximo desenvolvimento produtivo das lavouras, acaba de anunciar a produção de sementes de canola 100% produzida no País. “Somos a primeira empresa a produzir híbridos dessa cultura no Brasil. Além disso, também vamos iniciar com as sementes básicas (parentais). Esse é um projeto que iniciamos agora, e estamos bem focados”, detalhou o especialista.
Ao trazer a produção para o Brasil, a Advanta resolveu um dos problemas que dificultava o crescimento da cultura por aqui: a disponibilidade. Ou seja, até então a oferta de fora não batia com o momento exato da necessidade do produtor, a semente chegava tarde e fora do período ideal de janela de plantio, comprometendo a performance.
Conforme destaca Mendes, outra vantagem da produção nacional da semente é a redução de custo e a produção do volume necessário para atender os produtores, com pontualidade e qualidade. “A atuação da Advanta com canola já é muito forte na Austrália, onde temos um consolidado programa de melhoramento. Também temos sementes da cultura na Argentina e no Chile. Agora no Brasil, a ideia é ampliar essa atuação com sementes mais adaptadas e à agricultura nacional”, reforçou.
Oportunidades para novas regiões
A canola é uma planta oleaginosa da família das crucíferas. Além de todas as suas vantagens já citadas, é uma espécie que pode ser utilizada na rotação de culturas, beneficiando outros cultivos subsequentes como milho, soja e trigo.
Seu cultivo tradicionalmente está concentrado no Sul do Brasil devido às condições climáticas favoráveis e também maior conhecimento dos produtores locais. Porém, com a chegada de novas tecnologias adaptadas como as da Advanta, aliadas às pesquisas e estudos, os novos híbridos desenvolvidos para o clima brasileiro, tem potencial para bom desenvolvimento em outras regiões do Brasil, expandindo suas fronteiras.
Segundo o engenheiro agrônomo, no entorno de Brasília, por exemplo, já existe um projeto da Embrapa que está em desenvolvimento para a tropicalização da canola para as condições do Brasil, uma nova oportunidade para os produtores do Cerrado. “Esse será um trabalho contínuo de melhoramento genético selecionando as variedades que melhor desempenho apresentarem. Além disso as indústrias bem como toda a cadeia vai movimentando de olho no potencial dessa cultura que tem muito a crescer em solo brasileiro”, finalizou Mendes.
Sobre
A Advanta é uma empresa de sementes do grupo UPL, com mais de 60 anos de experiência em melhoramento genético de sorgo. Atua junto ao agricultor, entendendo suas necessidades e oferecendo soluções específicas para o máximo desenvolvimento produtivo da sua lavoura. A empresa concentra esforços em P&D desenvolvendo Programas de Melhoramento Genético específicos para regiões do Brasil. Além da Estação Experimental em Uberlândia/MG, esses programas são desenvolvidos e testados nas principais áreas produtoras do Brasil de forma integrada e complementar aos demais centros de melhoramentos globais da Advanta.


Kassiana Bonissoni